pensamento

"Leva tempo para alguém ser bem sucedido porque o êxito não é mais do que a recompensa natural pelo tempo gasto em fazer algo direito." (Joseph Ross)

carta de Frei Manoel de TIBAGY, (carta de aviso)...

Há 118 anos, em 18 de julho de 1892, Frei Manoel era conduzido ao cemitério municipal por uma multidão. Mais de quatro mil pessoas assistiram ao enterro do Monge de Tibagi, personagem que figura na história da religiosidade e das crendices do povo local. Caminhante, viveu em tendas pelas estradas até que adotou o município para fazer o que acreditava ser sua missão.

Receitava remédios, fazia orações, benzia e, onde estava, tinha sempre uma fila de pessoas para atender. Sua presença por estas terras ainda é relatada pelos tibagianos, que guardam as lendas e as verdades sobre o monge. Parte dessa passagem está registrada em documentos no Museu Histórico Desembargador Edmundo Mercer Júnior.
Neri conta que José Florentino foi solidário e ofereceu hospedagem em sua própria barraca. Num dedo de prosa, o frei contou seu nome, mas não indicou sobrenome ou filiação. Em sua apresentação, dizia ser natural de Vila Nova de Gaya, em Portugal. Teria estudado em ordem religiosa de frades e, por motivos pessoais, abandonara aquela missão para iniciar uma nova no Brasil. “É um mistério ainda saber como foi que escolheu Tibagi, mas nesta conversa com Florentino, Manoel teria afirmado que estava a destino da Freguesia de Tibagi, onde tinha um dever a cumprir”, diz Neri.
Frei Manoel escreveu um texto que se tornou quase que uma relíquia sagrada. A 'Carta de Aviso' posteriormente foi reproduzida e distribuída pelos cidadãos, que usavam lê-la em situações de perigo. O texto diagramado em forma de cruz tem cópia de 1930 mantida no Museu. Traz consagrações do Frei, que profetizou grandes tragédias e avisou a todos de forma apocalíptica. “Quem possuir esta carta de aviso com grande fé em mim, não temerá castigo algum”, anunciava o texto. “Todo aquele que duvidar das minhas palavras, não terá a minha benção e será condenado ao inferno para sempre”, ameaçava. A carta ainda rogava para que os anúncios fossem reproduzidos, divulgados entre o povo, que deveriam se preparar para dias de tormenta e lágrimas.

O corpo do Frei Manoel foi encontrado em 18 de julho de 1892 junto à fogueira apagada. Seu enterro se tornou um evento grandioso acompanhado por praticamente toda a população da cidade naquela época. “Dizem que no cortejo, enquanto algumas pessoas já chegavam ao cemitério, ainda havia gente na altura do Arroio da Vargem, hoje portal entre Tibagi e Telêmaco”,